Alimentação

Obesidade e diabetes: como o sobrepeso pode causar diabetes tipo 2?

Publicado 7 de Março, 2022

Obesidade e diabetes estão interligados, já que o primeiro pode contribuir para o desenvolvimento do diabetes tipo 2 (DM2).

Você sabia que 537 milhões de pessoas, em todo o mundo, sofrem de alteração no nível glicêmico no sangue? E que existe 1,9 bilhão de adultos com sobrepeso e que 650 milhões têm excesso de gordura corporal? Os dados da Federação Internacional de Diabetes (IDF) e da Organização Mundial da Saúde (OMS) mostram a importância de estudar a relação entre obesidade e diabetes para diminuir esses índices.

Durante a pandemia, esse cenário se agravou. O Atlas Diabetes 2021 da IDF mostrou que houve um aumento mundial de quase 16% na incidência da doença durante 2019 e 2021.

Além disso, 6,7 milhões de mortes ocorreram somente em 2021 devido a complicações do aumento da glicemia ou como resultado da enfermidade.

O número de obesos também cresceu durante a pandemia. Os dados mundiais da OMS são de 2016. O Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde da USP fez uma pesquisa sobre o assunto.

Ela mostrou que 19,7% dos entrevistados tiveram um aumento de peso igual ou maior do que 2kg. O motivo foi o isolamento social, com redução da prática de atividade física e aumento da ingestão alimentar.

Além disso, uma pesquisa realizada pela Universidade Fulda de Ciências Aplicadas, na Alemanha, mostrou que pessoas com diabetes tipo 2 tiveram um descontrole na alimentação, o que agravou seus problemas de saúde durante a pandemia.

Neste conteúdo vamos explicar como obesidade e diabetes podem estar interligados e os cuidados necessários para evitar o desenvolvimento da doença.

Por que a obesidade é um fator de risco para o diabetes?

A obesidade é caracterizada pelo excesso de gordura corporal. Por sua vez, o diabetes acontece devido à hiperglicemia, ou seja, elevação da glicose no sangue.

O aumento do peso ajuda a causar resistência à insulina. O pâncreas trabalha muito mais e produz esse hormônio anabólico. No entanto, seu funcionamento no receptor celular fica prejudicado.

Na prática, o que acontece em um organismo com sobrepeso é o seguinte: em vez de uma molécula de insulina introduzir uma molécula de glicose na célula, é preciso dobrar ou triplicar o hormônio para inserir a mesma quantidade de carboidrato.

Assim, o corpo tem dificuldade de usar o açúcar para produzir energia e fica com esse excedente, que é armazenado em forma de gordura. E isso vira um círculo vicioso, já que o aumento do peso leva à elevação da resistência insulínica.

Então, por que o obeso pode desenvolver diabetes mellitus 2 (DM2)?

Qual a relação entre obesidade e diabetes tipo 2?

Segundo dados do Ministério da Saúde, o DM2 ocorre a partir da perda progressiva de secreção insulínica, que está frequentemente combinada a uma resistência ao hormônio. A doença ocorre, com maior frequência, a partir dos 40 anos, em pessoas com excesso de peso, sedentárias, com hábitos alimentares ricos em gorduras e açúcares e história familiar da doença.

Obesidade e diabetes tipo 2 estão diretamente relacionados, uma vez que o sobrepeso aumenta a sobrecarga do pâncreas, que pode causar danos ao organismo a longo prazo.

Com o tempo, a obesidade pode levar a uma síndrome metabólica, um conjunto de alterações hormonais e metabólicas derivado da intolerância à glicose. Essa condição também é caracterizada por:

  • dislipidemia, ou níveis anormais de lipídios no sangue;
  • hipertensão arterial;
  • obesidade abdominal ou troncular.

Portanto, existe uma relação entre obesidade, hipertensão e diabetes. Por isso, é necessário sempre estar atento ao estilo de vida para evitar que a DM2 apareça.

Veja outras doenças que podem estar relacionadas À obesidade e diabetes.

Qual a relação entre obesidade, doenças cardiovasculares e diabetes?

A obesidade pode levar ao aparecimento da DM2. A doença é a causa principal de algumas condições, como:

  • cegueira;
  • insuficiência renal;
  • amputações;
  • infarto do miocárdio.

Os problemas cardiovasculares surgem nesse cenário, porque a resistência à insulina contribui para o desenvolvimento da aterosclerose, ou seja, a formação de placas nas paredes das artérias. Inclusive, dados da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e Síndrome Metabólica (Abeso) mostram que o diagnóstico da síndrome aumenta a mortalidade geral e cardiovascular.

Para que o problema seja identificado, é preciso ter 3 ou mais dos seguintes fatores:

  • obesidade abdominal, sendo 102cm de cintura em homens e 88cm em mulheres;
  • níveis de triglicerídeos acima de 150mg/dL;
  • HDL baixo, sendo menor do que 40mg/dL em homens e abaixo de 50mg/dL em mulheres;
  • pressão arterial acima ou igual a 130/85mmHg;
  • glicemia em jejum acima ou igual a 110mg/dL.
Obesidade e diabetes gestacional

Menos falada, também existe o diabetes gestacional, que é um subtipo da DM2. Ela acontece somente quando a mulher está grávida e ela não precisa ter a doença para desenvolvê-la nesse período da vida.

Normalmente, o diabetes gestacional some depois do nascimento do bebê. No entanto, ainda exige muito cuidado. Isso porque o organismo passa por muitas alterações hormonais na gestação. Alguns deles diminuem a absorção da insulina e levam ao descontrole do nível de glicose no sangue.

Isso afeta o bebê, que pode crescer acima do normal e até ter algumas complicações. Por exemplo, aumento no líquido amniótico, parto prematuro e má formação fetal. Além disso, pode haver hipoglicemia logo após o nascimento. Essa condição pode levar até a morte.

Para a mãe, também há outros riscos. Alguns dos principais são o aumento excessivo de peso, a hipertensão, a eclâmpsia e diabetes após o nascimento.

Quem é obeso tem necessariamente diabetes?

Nem toda pessoa obesa tem diabetes. Porém, a chance de desenvolver a doença é maior. Foi o que mostrou um estudo publicado na National Library of Medicine. Veja alguns dados:

  • pacientes obesos têm risco elevado de desenvolver diabetes;
  • cerca de 45% dos pacientes com DM2 têm índice de massa corporal (IMC) acima de 30, ou seja, estão obesos;
  • o diabetes tipo 2 é de 8 a 10 vezes mais comum do que o tipo 1. Contudo, pode ser tratado com exercícios físicos, reeducação alimentar e medicamentos orais, quando receitados.

Nesse cenário a genética também é um dos fatores que precisam ser considerados ao relacionar obesidade e diabetes.

Qual a correlação entre genética, obesidade e diabetes?

Os genes na obesidade e diabetes têm uma influência impactante. Uma pesquisa mostrou que há aproximadamente 200 mutações genéticas que contribuem para o surgimento da diabetes.

O mesmo levantamento mostrou que a perda de peso e a melhoria dos hábitos adiam o início do diabetes tipo 2, mesmo com uma predisposição genética. Segundo os pesquisadores, as principais ações são:

  • ter uma alimentação saudável;
  • não fumar;
  • fazer exercícios físicos de forma regular;
  • consumir uma quantidade moderada de álcool, sendo até uma taça ou copo por dia para mulheres e o dobro para homens.

Portanto, a dificuldade de funcionamento no pâncreas está relacionada à genética. Porém, o diabetes acontece com maior frequência em pessoas que combinam a predisposição genética com um estilo de vida sedentário, regado a alimentos ricos em açúcares e gorduras.

Ou seja, é importante prevenir a relação entre obesidade e diabetes com a adoção de hábitos saudáveis.

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