Alimentação

Acabe com as dúvidas sobre o glúten

As respostas que você busca para as maiores questões a respeito do glúten.
Publicado 14 de Agosto, 2018

Dietas da moda vêm e vão - você deve se lembrar da dieta da lua ou da dieta da sopa. Mas o movimento gluten-free (sem glúten) parece ter vindo para ficar e atrai um número cada vez maior de seguidores inspirados pelo aval de celebridades e pela disseminação de informações, muitas vezes, equivocadas ou fake news.

Mas antes que você embarque nessa onda, há sérias questões médicas e nutricionais que deve saber antes de tomar uma decisão.

1. Vou me sentir melhor ao adotar uma alimentação sem glúten?

Se você é uma entre os milhões de pessoas no mundo que sofrem de doença celíaca, uma dieta sem glúten com certeza vai fazer com que você se sinta melhor. Para algumas dessas pessoas, mesmo a exposição a quantidades mínimas de glúten desencadeia uma reação autoimune que normalmente envolve problemas digestivos (como inchaço e diarreia) e outros sintomas (erupções na pele, dor de cabeça, cansaço).

Se você faz parte do grupo que possui sensibilidade ao glúten – e não a doença celíaca propriamente dita – talvez você se sinta melhor evitando alimentos que contêm glúten. Embora provavelmente essa condição não evolua a ponto de causar danos no intestino, os sintomas são similares aos dos pacientes que sofrem de doença celíaca e cortar o glúten pode fazer com que esses sintomas reduzam.

Se você não sofre de nenhuma dessas condições e o seu foco em seguir uma alimentação sem glúten significar apenas reduzir alimentos industrializados cheios de farinha e incluir mais frutas, legumes e verduras no seu dia a dia, é provável que se sinta melhor. Mas ter mais energia e disposição não quer dizer que o motivo foi cortar o glúten – possivelmente você só está vendo as consequências de uma alimentação mais saudável.

2. Acho que o glúten me faz mal. O melhor a fazer é eliminá-lo da dieta?

Infelizmente não é tão simples assim. Se você possui doença celíaca ou sensibilidade ao glúten, sua melhor aposta é receber um diagnóstico confiável. Determinar se você tem realmente doença celíaca requer exames de sangue ou até mesmo uma biópsia. Cortar bruscamente o glúten da dieta pode atrasar o seu diagnóstico, uma vez que os seus sintomas ajudarão o seu médico a chegar ao centro do problema. Quanto mais tempo você passar em uma dieta sem glúten antes de ir ao médico, mais irá esperar por um diagnóstico adequado.

É importante checar com o seu médico antes de mudar radicalmente sua alimentação. Você precisa se certificar de que o problema não é causado por doença celíaca ou outra doença gastrointestinal, como síndrome do intestino irritável ou intolerância à lactose.

3. Cortar o glúten vai fazer com que eu perca peso?

Se a sua nova alimentação inclui mais frutas, legumes, verduras, proteínas magras e outros alimentos naturalmente livres de glúten, sim, é provável.

Mas se você está simplesmente está trocando massas, pães e bolos tradicionais por versões sem glúten, você não vai ver muita diferença na balança. Na verdade, você pode até estar ingerindo mais calorias do que antes!

O glúten é o que faz as massas ficarem elásticas e com a textura que estamos acostumados. Quando ele é retirado, a indústria tende a adicionar outros ingredientes para compensar, como mais gordura ou açúcar.

4. Alimentos sem glúten são naturais e saudáveis?

Depende! Como a indústria procura criar produtos sem glúten o mais parecidos possível com os produtos regulares, um pão sem glúten pode ser altamente processado, por exemplo. Certos produtos passam longe do que consideramos ‘natural’ devido a quantidade de aditivos que a indústria acrescenta para que tenham textura e sabor aceitáveis.

Retirar o glúten de alimentos processados requer que algum outro tipo de carboidrato seja incluído, como polvilho ou farinha de arroz, por exemplo – que não são integrais. O resultado é que as versões sem glúten não possuem tantas fibras quanto os originais.

5. Uma alimentação sem glúten previne inflamações?

Muitos adeptos da dieta gluten-free acreditam que o trigo, por causar inflamação sistêmica, seja o causador doenças cardíacas e diabetes. Porém pesquisas recentes das Universidades de Columbia e Harvard apontam que doenças cardiovasculares são causadas mais pela baixa ingestão de grãos integrais do que pelo glúten em si.

A conclusão

Uma dieta sem glúten não vai necessariamente te proteger contra doenças cardiovasculares, ou te ajudar a emagrecer e ser mais saudável. Uma dieta rica em grãos integrais, frutas, legumes e verduras é a melhor aposta. Além disso, uma reeducação alimentar correta não impõe privações. Mude sua rotina no seu tempo, do seu jeito!


Matheus Motta
Nutricionista no VigilantesdoPeso®. Com mais de 5 anos de experiência na área atuando em atendimento personalizado, ele é responsável por todo o conteúdo do programa sobre alimentação, saúde e bem-estar.